High school
APCV +.+
April 14, 2011
Houve vezes que me apeteceu reclamar por não me ouvirem, houve vezes que me apeteceu chorar por achar que não era capaz de fazer o que era esperado de mim, houve vezes que me apeteceu passar-me por achar que eu estava em segundo plano, ou porque não concordava com determinadas atitudes. Mas essas vezes, contam-se pelos dedos das mãos, que nem são precisos os dos pés - e esta, é a lei natural da vida social.
Agora, não vou esconder que me contive imensas vezes na quarta e na quinta para colocar na minha cabeça que eu vou viver de despedidas a vida inteira, e que coisas boas nunca se perdem. Custava vê-los ir embora e não poder dizer "até amanhã", "até para a semana", "até sexta". Agora dizer "não vimos mais", "o nosso estágio acabou", isso sim custava dizer. Muitas vezes, parece que não tinha coragem e saia apenas um "xau", um "adeus". Houve mesmo alguém que me custou tanto, tanto mas tanto, que eu disse indirectamente que era o último dia, mas fui incapaz de lhe dizer um voto de boa sorte para o resto da vida. Nesse mesmo momento, eu arrumei as coisas que tinham ficado com um grande aperto por debaixo da camisola. A melhor recordação que podia ter para além da minha memória, foi uma simples fotografia, mas que para mim vale imenso.
![SEO-IMAGE-CAPTION](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9uu2f0uj7cLuFc0MG_SbytdaKaB8a3HAAdwWXvJFEmDJZhKeMCGJO_3VrvJcst5YiD4Nh-DhJCII4vjXWnArfkrALMgalWQDrj9Qbor7G2CmjgKAPv5kK7T5CZwG5eqhO7r_VPXNxUf9x/s1600/02.jpg)
Do início ao fim, muita coisa mudou. Tive quem me enchesse de perguntas e elogios (daqueles que já tem na ponta da língua, uma vez que os dá a toda a gente xD); quem se marcasse pela gentileza de um sorriso, de um cumprimento, de um olhar diferente; quem se apegasse demasiado e começasse a se tornar beijoqueiro, a brincar imenso comigo, a utilizar diminutivos, a fazer perguntas e falar de assuntos pessoais, a pedir desculpa à mínima coisa e mostrar que de certa forma, nós marcávamos a diferença; a fazer malabarismo e disparates enquanto não estava presente um responsável; a fazer-nos rir até não parar mais com as danças e o "1, 2, 3", "quem é a estátua?" e outras coisas; quem nos desse conselhos menos certos; quem me explicasse tudo e mais alguma coisa, se mostrasse inteligente, mas ao mesmo tempo mostrasse que aos poucos e poucos, tornava-se alguém cada vez mais importante; que acompanhasse os familiares e compartilhasse connosco o dia-a-dia e a maneira de ser de cada um; quem falasse connosco sobre os mais diversos aspectos e partilhasse connosco sonhos e esperanças; quem me esgadanhasse e a seguir me viesse dar beijinhos; quem olhasse para mim e acenasse, me chamasse mesmo que por outro nome que não o meu; quem gostasse de ser solidário, actual e social; quem se interessasse pelos nossos interesses, forma de agir e gostasse de passar tempo a falar connosco sobre o que fazemos acerca de isto ou aquilo; quem nos conhecesse melhor do que sei lá o quê, mostrasse imensa simpatia e gentileza, compreensão e fosse o exemplo de muitos homens; quem tivesse a sua personalidade, mas nos cativasse com o tempo; quem fosse divertido e actual, sempre com brincadeiras prontas para retirar do bolso; quem preferisse não falar muito e se rir, mandar brincadeiras para o ar de vez em quando. Caramba, dá que falar este meio ano, ahn?
Os últimos dias foram dos melhores: fizemos imensas actividades novas, andámos de cadeira de rodas (em fim, experimentámos tudo e vimos o que realmente pessoas com deficiência passam na vida diária), eu comi na Cava, ri-me um bocado e segui caminhada, tiveram receio de me perguntar se querida boleia (:p), conhecemos utentes novos que nos marcaram logo (e a questão é: mas porque é que eu não pude trabalhar com eles logo desde o início? :x), jogámos um voleibol muuuito trapalhão com meninos que víamos quase todos os dias, mas mal (xD), ficámos sem piscina, comuniquei na minha linguagem gestual (sim, pq a minha não eh lingua xD) e ainda recebemos o Bicas, que vai para cima da minha caminha fazer de lembrança. Depois ainda oferecemos os calendários feitos depois de 1 hora vã de reflexão ahahahaha Neste dia nós estávamos diferentes, e o mesmo com o nosso monitor - parece que não havia a motivação do costume, que não era exigido de nós o habitual, havia um certo olhar distante de tantas partes. Sabem quando nós temos tanta coisa para dizer e ao fim ao cabo, nada sai? Foi com essa situação que me deparei bastantes vezes. Fomos sinceros e realistas com o nosso trabalho, as nossas personalidades, o que fizemos até à altura - que para mim, não podia ser melhor.
Sei que são duas formas diferentes de ver as coisas, mas esta é a minha. Apego-me às pessoas, e sei que a vida é feita de tudo isto. Mas não faz mal, eu consigo colocar numa grande caixa pintada de vermelho papeis com o nome de muita gente (e mesmo que algum papel se vá deteriorando com o tempo, ele vai continuar lá).
Agora pergunto: será que eles vão sentir o mesmo que eu sinto agora ao deixá-los? Não sei Daniela, isso depende de cada um deles. Mas uma coisa é certa: cada um é único, e cada um contribuiu para que te custasse tanto a deixar algo que te estava a ocupar muito tempo que precisas.
E como me custa imenso deixar isto, vou voltar a estar com eles no dia 7 de Maiooo! *_*
Um grande obrigada a todo o pessoal que nos aturou durante este tempo todo!
Um agradecimento especial ao monitor Filinto, Dona Lurdes, Professor Dinis, Dona Fátima, Ricardo Pereira, Pai da Diana e Diana, Avó do Luís Patrício e Luís, Tânia, equipas de Boccia de competição (Abel Alvéolos, Diogo Mota, Fernando Ferreira, Simone Ferreira, Zé António, Nuno Duarte, Carlos Sérgio), Pedro Teixeira, Daniela, Cidalina Silva, Luis Silva e o Dioguinho.
0 Comments
Having a good time reading? Please leave us a comment below!