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Natal, festa de alegria ou de tristeza?
December 18, 2009"Queres falar sobre isso? ^_^"
No mundo ocidental, predominantemente cristão, o Natal é uma época de especial importância e aquele período, cada vez mais “antecipado”, por influência do marketing, que mais “mexe” connosco. É verdade que a “religião consumista” foi reforçando a importância destas festas (porque ao Natal se seguem as festas da passagem e o próprio dia de Ano Novo) e, assim, a religião, mesmo que não a pratiquemos, e o consumismo acabam, apesar de tudo, por reforçar os elos familiares e de amizade nesta altura do ano. Todos nos deixamos influenciar, e também influenciamos, nesta onda de “trocas” materiais e afectivas, mas, infelizmente, por pouco tempo. Apesar de tudo, o Natal é uma festa linda, principalmente nos países do hemisfério norte, com o frio, a neve, as luzes e os presépios e as árvores de Natal a embelezarem esta quadra festiva. Trocam-se prendas, cumprimentos, perdões, mas “troca-se”, também uma certa dose de hipocrisia e cinismo, isto é, nem todos os nossos gestos nesta época, como também noutras, são gestos de sincera amizade e solidariedade para com os “nossos “próximos”. Até as crianças, que foram durante muitos anos o nosso “menino Jesus” e a razão de em muitos lares reinar alguma alegria, já foram, também elas pervertidas, por nós e pelo consumismo, no genuíno espírito natalício.
O Natal pode ser, para alguns, uma festa de amor e de alegria, mas para outros é, com certeza, um período de profunda tristeza, porque sentem na alma, não a “inveja” da felicidade dos outros, mas sim todo o tipo de carências, sejam elas materiais ou de outra espécie. Nesta quadra, a dor é ainda maior, apesar de muitos voluntários, genuína e abnegadamente, partilharem com eles todo um conjunto de bens ou de solidariedade, minorando-lhes as suas carências, mas esta não deixa de ser uma época em que a dor reaparece. Por esta altura, multiplicam-se as acções de “bem-fazer” aos pobres e aos “sem abrigo”, mas, interrogo-me, que sociedade é esta que “trata tão bem” os deserdados da sorte, pelo Natal, mas o abandona no resto do ano e das suas vidas, permitindo a sua “existência”, sob a capa das liberdades individuais? Agora, envolvidos por esta crise que os “senhores donos do mundo” provocaram e cujas consequências ainda não se conhecem na sua extensão, como será o Natal de muita mais gente, incluindo-se e como se usa agora apelidar, os novos pobres?
Se nada fizermos, o Natal morrerá, porque o amor que o alimenta corre o risco de se perder, tal o egoísmo de uns e o desencanto de outros. Por enquanto, o Natal é ainda alegria para uns, mas também tristeza para (muitos) outros. Mas, a final, o que celebramos em cada Natal, se (já) muitos de nós não somos cristãos? Ou celebramos uma nova religião que se chama “consumismo”? Esta, garantidamente, tornar-nos-á mais egoístas e insensíveis aos problemas humanos, porque a (in) satisfação pelos bens materiais pode levar-nos a um beco sem saída, perdidos que sejam outros valores da humanidade. “Já agora, valeria a pena pensarmos nisto”.
Crónica do economista Serafim Marques
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